Caixa de pássaros — Josh Malerman


Autor: Josh Malerman
Editora: Intrinseca
ISBN: 9788580576528
Páginas: 272
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Quem eu tenho dificuldade em pensar em autores como pessoas reais? Não importa se eu sigo vários no twitter e vejo suas divagações diárias tão banais quanto as minhas; eles são pessoas comuns que podem ter defeitos em sua genial criatividade? São não, podem não. É isso que me frustra quando me deparo com tramas tão originais que dão um nó no meu cérebro e fico enlouquecida atrás de uma explicação maravilhosa. 

Mas aí é que está: autores são pessoas normais!(!!!!!) Eles podem não ter explicações maravilhosas para suas ideias maravilhosas! O tal do equilíbrio das expectativas é um problema alimentado por essa ideia. Quando você percebe que TALVEZ o autor não pensou no fim como pensou no meio, hum, temos uma frustração.

Que morte horrível.

Caixa de pássaros é um thriller de horror ambientado em um mundo devastado por uma criatura que ninguém pode ver. É uma praga e, se você ver, você morre. São poucos sobreviventes e eles já esqueceram como é a luz do dia: casas trancadas, janelas escondidas, vendas nos olhos caso você precise sair. É nesse caos de terror psicológico que conhecemos Malorie, em dois tempos: quando vivia num abrigo junto de outros sobreviventes, anos depois quando tenta fugir com os filhos para um lugar mais seguro. Intercalando passado e presente, é que vamos conhecendo essa realidade. E ficando angustiados (e curiosos) com ela.

Ouvi muito dizer que Caixa de pássaros é um clichê do gênero. Talvez seja, talvez não. Como eu frustrei minhas expectativas de ser uma garota grande badass aos 13 anos e assistir vários filmes de terror, hoje eu acumulo uma experiência ridiculamente curta de histórias apavorantes. Logo, se os elementos usados por Malerman para fazer suspense são batidos, para mim, são inéditos. Eu fico com medo por bobagem? Fico. Se alguém tivesse chutado as costas do meu banco no ônibus enquanto eu lia, eu teria gritado? Obviamente. E corrido, inclusive. Eu me assusto fácil e o livro causou esse sentimento comigo. Sou uma leitora de terror facilmente impressionável. Cá entre nós, acho que os autores devem me adorar por isso.

Mas a genialidade de Caixa de pássaros é o pano de fundo da história: esse mundo devastado em que todo mundo sente medo até de respirar. Esse mundo em que é melhor nem viver e, se você nasce, sente medo antes mesmo de chorar pela primeira vez. O que são essas criaturas que fazem todo mundo cometer atos atrozes e depois se suicidar só de olha? Por que? Como? Você entende o que quero dizer? 

Com isso, me tornei uma máquina de leitura para descobrir as respostas das perguntas que não paravam de surgir. Cheguei na metade do livro e lembrei que isso era ficção e o autor era um ser humano. Ele podia não ter uma explicação tão boa. Que agonia!

Eu tirei uma estrela da classificação final por isso. O autor delineia uma explicação, mas não aprofunda como eu queria. Vou ter que dormir com essa? Tudo bem, mas você não ganha meu símbolo de favorito no skoob. 

Eu não entrei muito no quesito dos personagens porque não vejo isso como essencial. O que importa, o forte de Caixa de pássaros, é o cenário e o desenvolvimento, independente de quem está protagonizando. O livro me deu medo, apreensão, eu fiquei mais assustada do que gostaria de admitir em algumas cenas e, apesar das bizarrices, é uma leitura muito boa. 

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