Matando borboletas — M. Angelais


Autora: M. Angelais
Editora: Verus
ISBN: 9788576863366
Páginas: 224
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Cada caixinha contém um trecho da sinopse oficial da quarta capa de Matando borboletas, e decidi escrever essa resenha e analisar o livro a partir disso. Acho que vai ser o único modo de organizar meus pensamentos.




Sphinx e Cadence — prometidos um ao outro na infância e envolvidos na adolescência.
Primeira coisa que pensei quando li isso é que seria um livro de época. Só muitos anos atrás para as pessoas serem prometidas umas as outras (ou na India conservadora). Mas não. Sphinx e Cadence foram prometidos pelas próprias mães, ainda crianças, quando fizeram um pacto de sangue, planejaram o futuro e combinaram que seus filhos casariam para que criassem juntas os netos. Aliás, sobre pactos de sangue: não faça. Os dois foram criados de forma próxima, Cadence sabendo dos planos da mãe para seu futuro com a amiga, até que uma coisa aconteceu e ele e sua mãe foram morar definitivamente na Inglaterra.
Sphinx é meiga, compassiva, comum. Cadence é brilhante, carismático — e doente. Na infância, ele deixou uma cicatriz nela com uma faca. Agora, conforme a doença de Cadence progride, ele se torna cada vez mais difícil. Ninguém sabe ainda, mas Cadence é incapaz de ter sentimentos.
Cadence é sociopata. Pode ficar tranquilo que não é spoiler - eu sabia disso quando comecei a ler e posso garantir que fica muito mais interessante quando você tem essa informação e sabe o que está rolando. Preciso acrescentar que personagens com patologias mentais são muito instigantes de acompanhar, e eu gosto de ver esse plot em livros com feeling jovem adulto, coisa que não acontece muito. Cadence é imprevisível, faz e diz coisas bizarras que dão uma agonia que preenche a narrativa. Então símbolo de check no item de cenas sutilmente assustadoras.

Já Sphinx é o tipo de protagonista que não tem como gostar e defender. Durante o livro, as pessoas ficam dizendo como ela é uma boa garota. Não, ela não é uma boa garota, ela é uma pamonha com zero senso de preservação e amor próprio. Por ser "boa", ela sempre foi muito submissa as vontades dos outros, principalmente a Cadence. Porém isso toma proporções meio bizarras as vezes, e a garota, que deveria estar fugindo mais rápido que o Papa Leguas, continua lá. Eu queria bater nela com o livro, mas arrisco de ela aceitar minhas livradas, já que ela não sabe chutar quando é macumba.
Sphinx quer continuar leal a ele, mas teme por sua vida. O relacionamento entre os dois vai passar por muitas reviravoltas, até chegar ao aterrorizante clímax que pode envolver o sacrifício supremo.
É bizarro o modo como Sphinx é fraca e, de certa forma, masoquista. Eu não consegui entender a razão do comportamento dela, porque ela aceita tudo e faz o que faz. Dá mais incomodo ver ela tomar suas decisões sobre Cadence, do que Cadence dizendo coisas doentes para a menina. Uma coisa é o comportamento de um sociopata diagnosticado, outra é uma pessoa normal COM NOÇÃO DE SI reagindo a isso. 

O clímax é uma coisa tão surreal que me deixou demasiadamente angustiada - não tanto pelo que Cadence dizia, mas pelo que Sphinx pensava a respeito. É muito, muito desagradável e doentio (pelos motivos errados). Ainda assim, é um livro bom no que se compromete a fazer - que não é ser uma história de amor ou redenção. É matando borboletas que Matando borboletas se torna algo único no seu tipo.

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