A febre • Megan Abbott


Autora: Megan Abbott
Editora: Intrinseca
ISBN: 9788580577990
Páginas: 272
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Eu estudo marketing, trabalho com marketing, faço pesquisa sobre marketing. Me considero, então, bastante capaz de identificar técnicas de vendas bem feitas. Blurbs de capa, por exemplo, envolvem muitas outras variáveis além de um elogio aleatório. No caso de A febre, um livro misterioso com uma capa que remete a surtos psicóticos, a primeira chamada não só confirma a bizarrice do enredo, como também tem o toque arrasador de ser chamado de perturbador pela autora mais perturbada do século. Isso que chamo de estratégia de marketing bem feita.

Vi muita gente querendo ler A febre pela sinopse. Verdade, chama a atenção: Um belo dia na escola de Deenie, sua melhor amiga, Lise, começa a convulsionar no meio da aula. No dia seguinte, sua outra amiga, Gabby, tem um ataque semelhante. Isso continua acontecendo com várias meninas da escola numa proximidade de tempo que faz a comunidade entrar em pânico. Mas, como eu disse, não foi o plot que chamou a minha atenção. Foi Gyllian Flynn chamar a escrita de Megan Abbott de perturbadora. Temos aí um livro de terror? Possivelmente.

Possivelmente em partes. A Febre tem sim algo de muito sombrio em sua sinopse, um suspense muito forte que abre possibilidade para as mais inúmeras explicações: de mutação genética numa vacina de HIV a influência do coisa ruim na face da terra. Você fica sem saber em que acreditar, formulando as mais diversas teorias, o que deixa o suspense muito palpável. Em alguns momentos, Deenie faz comentários e metáforas a respeito de suas amigas que sofreram ataques que faz arrepiar a espinha do coitado do leitor.

Mas essa atmosfera não é em tempo integral, pois Abbott mescla muito do mistério com rotina comum de garotas adolescentes, problemas cotidianos que a adolescência faz parecer o caos. Há uma quebra, então, de quando estamos falando sobre problemas sinistros que atingem a comunidade e sobre problemas drama queen que atingem só as meninas do ensino médio. Abbott narra muito bem esse segundo plot, mas ele mata todo um clima maneiro que tinha sido criado antes, sabe? Por melhor que fosse, eu não gostava dele. Vamos falar mais sobre as convulsões!!!

Em compensação, eu gostei bastante de quando a autora amarrou tudo e criou uma coerência entre as partes. Abbott soube muito bem ligar os assuntos, os personagens, explicar situações e dizer porquês. Não é a melhor parte do livro porque aqueles comentários metafóricos de Deenie que comentei antes são realmente ótimas e únicos. Mas meu segundo lugar na lista de melhores coisas do livro, definitivamente, os nós de ligação. 

Tem várias coisas muito boas a respeito de A febre: a forma como a trama é desenvolvida, amarrada e vendida. Porém, ao mesmo tempo, tudo isso é entregue por meio de uma narrativa muito detalhista, descritiva e lenta. No final, achei o livro cansativo. Com elementos interessantes, mas cansativos. Acreditei de verdade que Gyllian Flynn se perturbasse com coisas piores.

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