Enquanto Bela dormia • Elizabeth Blackwell


Autora: Elizabeth Blackwell
Editora: Arqueiro
ISBN: 9788580414790
Páginas: 368
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A moda de adaptar contos de fadas para os dias atuais não foi tão longa quanto imaginei que seria, porém ainda é possível encontrar alguns lançamentos do tipo aqui e acolá. Enquanto Bela dormia é um desses, embora eu considere um pouco errado comparar X com Z. Esta não é a típica adaptação; ela não trás a história para o século XXI, mas sim reconta aquela velha fábula da Bela Adormecida sob uma perspectiva ainda não explorada. Nessa precisamos concordar que achar uma ótica inédita de uma ~historinha infantil~ famosa não é a mais comum das tarefas.
Quando a rainha Lenore não consegue engravidar, recorre aos supostos poderes mágicos da tia do rei, Millicent. Com sua ajuda, nasce Rosa, uma menina linda e saudável. No entanto, a alegria logo dá lugar às sombras: o rei expulsa de suas terras a tia arrogante, que então jura se vingar. Seu ódio se torna a maldição que ameaça a vida de Rosa. Assim, a menina cresce presa entre os muros do castelo, cercada dos cuidados dos pais e de Flora, a tia bondosa e dedicada do rei que encarna a fada boa do conto original.
Mas quando todas as tentativas de proteger Rosa falham, é Elise, a dama de companhia e confidente da princesa, sua única chance de se manter viva. E é pelos olhos dessa narradora improvável que conhecemos todos os personagens, nos surpreendemos com o destino de cada um e descobrimos que, quando se guia pelo amor a magia mais poderosa do mundo , qualquer pessoa é capaz de criar o próprio final feliz.
Acho que o ponto chave da originalidade da autora foi ter tirado o protagonismo da coroa real. Claro que queremos nos imaginar sendo protagonistas e sendo da realeza, mas isso é um lugar comum do gênero. Blackwell foi inédita porque sua narrativa foi contada por Elise, uma mera empregada do castelo, cujo papel não é direto na vida da Rosa, a Bela Adormecida em questão. Claro que Elise não é uma observadora qualquer, mas também não tem a influência de mexer papéis decisivos e ser afetada da forma mais direta pela maldição. Isso trouxe uma perspectiva inédita da velha história: acompanhar a maldição por alguém que tem laços afetivos fortes, porém não a pessoa que vai ficar apagada na cama por cem anos.

Se bem que não há a coisa toda de ficar apagada na cama por cem anos porque essa recontagem aqui é nova, é inédita, ela é inesperada, meus caros.
A história é completamente diferente, se me permite avisar. Não há uma magia explícita, então é interessante ver como a autora lida com isso para montar o que deve ser uma história de maldição sobre uma princesa. É bem, bem inteligente. 

Mas sabe aquela leitura que acaba e você não gosta, mas ao mesmo tempo sabe que é um livro muito bom, bem escrito e com construção eximia? Pois então, nem eu sei explicar - e estou falando sobre o que eu senti(!). Enquanto Bela dormia é um livro esquisito. Inteligente, mas esquisito. São muitos anos, muitos acontecimentos e não há romance ou fantasia se tornando elementos grandiosos no roteiro. Eu sei lá, ele é muito bom e muito cansativo ao mesmo tempo! Você já leu Encantadas? É tipo Encantadas. Até hoje não sei bem explicar meus sentimentos sobre Encantadas.

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