A menina submersa — Caitlin R. Kiernan


Autora: Caitlin R. Kiernan
Editora: Darkside
ISBN: 9788566636253
Páginas: 320
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Doença mental é um tema muito interessante de ser abordado em young adults. São poucos os livros que fazem uma abordagem realista do assunto e direcionam para o público jovem, propondo uma discussão natural do que parece ser um assunto tão longe da realidade (o que não é). Por consequência, sempre que surge algum novo título, esse merece um pouquinho mais de atenção. Porém, com A menina submersa, esse destaque ficava escondido entre sereias e lobisomens. A sinopse sugeria um urban fantasy, para você só então se deparar com uma protagonista esquizofrênica cujas criaturas fantásticas são brilhantes metáforas da sua cabeça. 

O nome dela é India, mas todos a chamam de Imp. Ela é neta e filha de mulheres esquizofrênicas que se suicidaram, já que viver exigia mais do que poderiam aguentar. Há alguns anos, ela também foi diagnosticada com a doença. Em A menina submersa, Imp narra sua vida: memórias e fantasmas. Por fantasmas, entende-se coisas que a assombram, e entre elas está o quatro A menina submersa, seu pintor e as lembranças que a pintura representa.

Você precisa saber, primeiro de tudo, que esse não é um livro comum. Não é uma narrativa comum com enredos comuns. Ele é contado como se cada palavra ali tivesse sido escrita por Imp, uma personagem com problemas psicológicos e muitos assombros. Ela divaga, escreve sobre si em terceira pessoa (as vezes), mente e se desmente, não tem certeza se o que está falando é de fato real ou apenas uma ilusão de sua cabeça. É uma escrita que exige muito do leitor, principalmente de alguém acostumado com narrativas fáceis (aka euzinha). Cada palavra de Imp é muito forte e requer bastante atenção, para que o leitor consiga juntar as peças do quebra cabeça que formam a protagonista. É incrível, mas digo para você: cansa. O único jeito de que eu não desistisse foi intercalar capítulos com outros livros mais leves, que quebravam a atmosfera confusa de Imp e seus parágrafos gigantes e cheios de assunto.

A história aponta para todos os lados. A protagonista fala da relação com sua mãe, sobre a loucura de sua avó que nunca foi devidamente diagnosticada. Fala sobre Abalyn, uma mulher transexual, e como foi o relacionamento das duas até que as complicações de Imp ficassem demasiadamente fora do controle para a namorada. Fala sobre Eva, uma sereia que encontrou duas vezes pela primeira vez. Fala sobre pintar, escrever, se relacionar com o mundo e aceitar que nem toda lembrança é factual. Meu amigo, o que Kiernan criou nesse livro é muito novo e sem igual, acredite.

Mas como eu disse antes: é maçante. Tanto que se você for ver no skoob, esse livro tem um número bem relevante de abandono e notas baixas, se levar em consideração a quantidade relativamente baixa de lidos. A menina submersa se torna um livro difícil de agradar por não ser um livro fácil de ler. Precisa de muita paciência para se envolver plenamente com Imp e estar disposto a se deixar levar por seus parágrafos de mais de página. Eu gostei justamente por ser um livro que me fez sair da concha de conforto da simplicidade de young adults, mas ao mesmo tempo, está longe de ser uma narrativa que pretendo reler. Um conselho: leia o primeiro capítulo como teste - estão lá todas as nuances da narrativa. Se você gostar, vai nessa.

Comentários

  1. Oi Jo,
    tenho muita curiosidade em ler este livro, mas realmente, a leitura parece ser bem maçante, e é isso que me desanima hahahaha
    quando leio um livro assim, costumo fazer esta intercalação também... é bem mais fácil :P

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  2. Eu adorei a leitura, arrisco dizer que foi um dos melhores livros que li ano passado. A capa por si só já chama para ler, e a sinopse me deixou muito curiosa. Entrei no livro com as expectativas lá em cima, e ele não me decepcionou. Me envolvi tanto na história que demorei alguns dias para absorver toda ela. A trama é realmente bastante complexa e difícil de entender, é preciso estar disposto ao risco. Eu não me arrependo nem por um segundo, a escrita de Caitlín é maravilhosa!

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