Amy Harmon e a síndrome do amor perfeito para pessoas imperfeitas que são perfeitas. Sacou?
Para criar empatia, os autores tem perdido a conexão.
Beleza perdida é sobre o cara lindo da cidade, que volta transfigurado da guerra, e não é mais lindo. Então a doce menina da cidade, que jamais seria alvo de sua atenção se ele ainda fosse bonito, é bondosa apesar de sua aparência, e temos aí uma história de amor. O romance de Fern e Ambrose não é muito distante daquelas histórias da Disney sobre a garota nerd e o garoto popular (ou vice versa), com a diferença que só houve qualquer coisa porque suas ~situações sociais~ foram aproximadas por uma tragédia.
Parece que sou chata por pouco (nunca disse que não era), e, ao ler, temos uma infinidade de mensagens bonitas que devem parecer poesia, mas a mensagem que eu tirei do livro foi um apelo sem tamanho. Como leitor mero observador, você quer juntar o casal e os deixar serem felizes. Como leitor que quer viver as emoções junto aos personagens, é impossível - a não ser que você seja um ser muito, muito generoso (ou se iluda com isso). Você não consegue se conectar com os personagens, pois, subliminarmente na narrativa, sugere que há a necessidade de você ser especial e digno de tudo. Consegue me entender? A autora dá a entender que o romance de Fern e Ambrose só ocorreu porque ele foi para a guerra, perdeu os amigos, perdeu a beleza, e abriu os olhos para Fern, que nunca teve muitos amigos ou muita beleza, mas tinha um coração bom. Achei essa coisa toda de perfeição, imperfeição e dignidade muito cansativa. Achei balela.
Já em Infinito + Um, achei que não teria esse problema, afinal na sinopse não havia alerta de experiencia transformadora. Havia uma cowntry pop star de 21 anos suicida, e um garoto tatuado que parece o Thor que a resgata de pular numa ponte. Basicamente, mais um dia comum para leitores de new adult. O que acontece, então, é que os personagens se encontram, apesar dos pesares, e partem numa road trip fugida, já que a empresária da garota é extremamente controladora.
Na maior parte do livro, Infinito + Um não foge do estigma do gênero, sendo clichê e forçado, mas não apelativo. Só que então a gente descobre que Bonnie e Clyde tem uma similaridade muito grande em sua vida, uma coisa triste pelas quais passaram e molda seu passado, presente e futuro, também os tornam complementares. É preguiçoso por ser conveniente de um modo absurdo, mas além disso, vem lá Harmon e apela sua trama. De uma hora para outra, o casal não deu certo apenas porque se davam bem, a química natural e o feeling sempre maneiro de road trip. Simplicidade? Não aqui, queridinha. Tinha que ser aquela coisa exata que os colocava como perfeitos um para o outro. Aquele lance da dignidade para o amor volta todo. Aquela ligação entre eles acaba com a ligação com nós leitores. Achei balela também.
Ambos livros tem partes boas, tem casais shipáveis, mas forçam tanto a barra em serem poéticos e com belas mensagens que se tornam cansativos. Claro que é a minha opinião de pessoa sem paciência para histórias convenientemente reflexivas, detalhadamente moldadas e afastadas da realidade mesmo não tendo vampiros. Você pode ler e achar bonito. Eu achei okay.
Adorei seu texto! Não li os livros dessa autora, mas já notei essa tendência em vários dos outros young adult que já li... É quase que como ninguém pode simplesmente ser legal e simpático, ou mais tímido, tem que ser alguém traumatizado, ou com alguma dor escondida. Perde até a graça, né? Acho que por agora vou ficar longe desses dois livros, haha.
ResponderExcluirBeijos!
Isa.
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