Perdidos por aí • Adi Alsaid


Autor: Adi Alsaid
Editora: Verus
ISBN: 9788576863977
Páginas: 294
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Quando comecei a assistir Cidades de Papel, não entendi o sucesso todo que o filme estava tendo. As pessoas estavam declarando a melhor ida ao cinema do ano, e eu não conseguia ver por qual motivo. Até Quentin e sua turma entrarem no SUV e saírem pelo país em busca de Margô. Haha, road trip, aí eu vi sucesso.

Poucas tramas são tão incríveis quando essa de encher uma mochila, pegar as economias e por o pé na estrada. É um mar de possibilidades, uma trama misturada com ar fresco, uma sensação de liberdade que flutua para o leitor apenas com o virar da página. Queria ter essa sensação fazendo minha própria road trip, porém quem somos universitários falidos que não tem carro? Verdade.

Perdidos por aí é a história de Leila, que decidiu sair pelo país para ver a aurora boreal. A primeira coisa que você precisa saber é que Leila é uma garota maravilhosa: receptiva, amigável, simpática, uma boa ouvinte e extremamente inteligente. Essas características a tornam a motorista de road trip ideal, pois ela está sempre pronta para fazer amigos e sair em aventuras. E é sobre isso que o livro fala.

São cinco personagens narradores. Leila é a última deles. Hudson, Bree, Elliot e Sonia vivem seus dramas particulares, situações da fase, mas cruzam com Leila (ou Leila cruza com eles, para ser mais específica) e ganham um ombro amigo. Leila é aquela pessoa que observa de fora e enxerga de verdade, sabe? Leila é uma boa metáfora para nós, leitores, se você for pensar. Ela encara, percebe, joga na cara. Deixa reflexos de suas ações nas vidas dos outros, diferente de nós que somos leitores impotentes que precisamos esperar pelo autor aliviar nossa aflição.

Uma coisa muito ótima de Alsaid e sua escrita é que nem tudo são flores. Quando eu digo que Leila deixa reflexos, não quero dizer que ela passa pelas pessoas e resolve magicamente seus problemas. Nada disso. Ela diz a verdade, larga a bomba, e segue sua viagem até encontrar casualmente o nosso próximo narrador. É papel dos próprios personagens entenderem a mensagem, trabalharem com ela e se desenvolverem. Além disso, essas escolhas nem sempre são as mais fáceis (óbvio, mas digo para o autor) ou as mais esperadas. A história de Elliot, por exemplo, é uma completa fuga do clichê young adult, e é bem especial justamente por isso.

Bem lindo e bem especial. Perdidos por aí é uma agradável surpresa - e não porque alcançou minhas baixas expectativas, ao contrário: Alsaid sempre encontrava o modo mais inusitado de me fazer gostar ainda mais da história. É um livro ótimo, na boa. Faça dele uma de suas escolhas de férias - e se for fazer uma road trip e passar pelo Rio Grande do Sul, me dá um call e a gente toma um café para você me dizer umas verdades. 

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