Gelo negro • Becca Fitzpatrick


Autora: Becca Fitzpatrick
Editora: Intrinseca
ISBN: 9788580577228
Páginas: 304
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Becca Fitzpatrick é a criadora do Patch. Não uma escritora grandiosa, não a autora de uma série de sucesso sobre anjos caídos, nada disso. Becca Fitzpatrick é a criadora do Patch.

Você já deve ter ouvido falar no Patch, creio eu.

Patch é um dos maiores alvos de fangirlismo (?) dos últimos anos. Ele é incrível, assim, sem mais.

E Becca Fitzpatrick o criou.

E deve viver com a pressão disso.

Enfim.

Gelo negro é o primeiro lançamento da autora após encerrar Hush Hush. Passou um tempo para baixar a poeira, claro, mas a gente sempre carrega o estigma dos trabalhos anteriores. E Hush Hush terminou não sendo o melhor deles, o que não é um ponto favorável. Acho que foi por isso que enrolei tanto para dar inicio a essa leitura: ao mesmo tempo que conhecia a capacidade da autora de me jogar ao chão por um personagem, sabia que poderia acabar frustrada por não corresponder as expectativas que nem saberia mensurar.

Ah, os males de ter sido uma vez amaldiçoada pela continuação.

A protagonista da vez é Britt, que decidiu passar as férias fazendo trilha na Cordilheira Teton, um lugar misterioso que serviu de cenário para o assassinato de algumas jovens nos últimos meses. Claramente, um ótimo lugar para passar as férias. A principio, ela vai acompanhada da melhor amiga, Korbie, e lá pretende encontrar o ex-namorado, Calvin, irmão de Korbie. Só que essa aventura nem começa, pois ao serem alvos de uma nevasca e precisarem de abrigo, Britt e Korbie se tornam reféns de fugitivos que estão na floresta e precisam de alguém com conhecimento das trilhas. E está dada a largada.

Veja bem: não há nada de sobrenatural aí. Esse foi o primeiro baque. Gelo negro é a primeira amostra da capacidade de Fitzpatrick de lidar com pessoas reais, e imagino que isso a impulsionou a explorar as mais variadas facetas da personalidade humana. Temos uma protagonista ingenua, insegura, que precisa sair da própria toca e se vê obrigada a fazer isso em troca de sobrevivência, num lugar escuro, frio e isolado. Temos uma parcela generosa de falsianes e falsineides, para apimentar a narrativa e tentar abrir plot twists. Temos vilões. Temos vilões talvez não tão vilões, Temos esteriótipos que se reconhecem. É um emaranhado de coisas, muitas delas clichês, que dão forma ao que a autora quer contar. E foi assim que ela conseguiu sair da sombra dos anjos caídos e nephlins.

É um paradigma. Ao mesmo tempo que a leitura é viciante e você não quer parar de devorar a história, receber respostas e chegar ao final, é demasiadamente cansativo o crescimento de Britt. Britt é cansativa. A insegurança dela, junto da idolatria absurda pelo ex namorado, criam uma narradora chata. É difícil se afeiçoar por ela, ao mesmo tempo que você quer ver aquela história terminar e deixá-la sã e salva.

Sobre o romance: Não tem Patch. Fitzpatrick saiu do estigma sobrenatural, mas a do Patch ela não sai nem com novena. E ela sabe disso. É bem notável como o desenvolvimento do romance foi lento, para ter credibilidade e não parecer forçado. Depois de então criar uma base, ela foi adicionando características "conhecidas" para reforçar as lembranças do leitor e dar aquela "intimidade". Ela tentou fazer o garoto novo ter uma auto estima tão elevada quanto a do Patch. Tentou tarde e não fez nem metade do que poderia - e deveria. 

No geral, um livro melhor do que eu esperava considerando o tanto que adiei a leitura. Gelo negro é um bom livro, uma leitura viciante. Não consagra Becca Fitzpatrick, mas também não a exclui de nossa memória.

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