Objetos cortantes — Gillian Flynn


Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580576580
Páginas: 256
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Compre esse livro. Compre Garota Exemplar também. Compre tudo que essa autora lançar, vamos dar muito dinheiro para ela contratar muitos terapeutas, analistas, psicólogos e psiquiatras. Acredite, ela precisa. Em seu debut, que só recebeu o devido reconhecimento agora, Gillian Flynn nos brinda com sua mais notável habilidade: escancarar as nuances desagradáveis da humanidade. Mundos bonitos com arco íris e doces filhotes de cãozinhos? Não na visão dessa autora.

A protagonista é Camille, obrigada a voltar para sua cidade natal para cobrir um suposto assassino em série que matou duas garotas de mais ou menos 10 anos em um período de 9 meses. Esse pode ser o furo que o decadente jornal em que trabalha precisa, e Camille encara essa missão mesmo que voltar para a casa toxica da mãe  desperte fantasmas que ela achava ter enterrado.

Sinto que estou repetindo as exatas palavras que usei com Garota Exemplar, mas permita-me: estupidamente cruel e perturbadoramente genial. Objetos cortantes é a história que ninguém quer contar, que ninguém quer encarar. É sobre pessoas realmente problemáticas que precisam encarar a vida e, por consequência, seus demônios pessoais. Ninguém é 100% bom, e Flynn decide encarar a perspectiva pelos mais de 50% de genes vergonhosos e negativos que lidamos mentalmente. Seus personagens parecem ainda mais perturbados que quaisquer outros da literatura, e isso, cruelmente, é genial. Não há metáforas, floreios, belezas... É isso e fim. Encare ou abandone.

Aos poucos somos introduzidos ao mundo de Camille, dessa cidade pequena que tem mais problemas que habitantes, mas se esconde atrás dos tradicionais costumes sulistas. É de pouco em pouco que o leitor vai conhecendo a protagonista e seus fantasmas, e enquanto acontece, vai se sentindo sufocado junto dela. Flynn vai introduzindo as informações essências em momentos estratégicos, para que o choque venha em partes e constantemente. Quando você acha que todas as cartas já estão na mesa, lá vem algo novo E BOOM PARATIBOOM.

Eu descobri o mistério do assassinato bem cedo, mas não sei dizer se foi porque estava me sentindo particularmente ousada ou se estava na cara mesmo. Mas por mais que eu já tivesse a resposta por trás do serial killer, as informações/pistas jogadas ainda me deixavam surpresa. Eu queria gritar "nossa" e "eu sabia" ao mesmo tempo. 

A narrativa é muito parecida com a de Garota Exemplar. O modo como as coisas são largadas na trama me lembrou bastante o outro livro, o modo lento como Nick deixava o leitor conhecê-lo. Porém, em Objetos cortantes, essa escrita é mais crua. Combina mais com o enredo, funciona melhor. Desse modo, a autora é muito mais objetiva em expor seu ponto: que espécie curiosa esses humanos, não?!

Eu adorei, se você ainda não adivinhou. Se eu não fui clara o suficiente, olha só: sensacional. Flynn é brilhante, ousada e original, de um modo muito sádico e genial. Ela abraça vários tabus e gosta de discutir sobre pessoas que são mais do que demostram. É pra ser um triller policial, mas é mais psicológico do que qualquer outra coisa. Só não dei cinco estrelas porque estou guardando para o livro da autora que me faça abandonar a leitura de tão perturbadora. Abandonar por dez minutos, nem que seja. Com Objetos cortantes, eu só queria devorar de uma vez.

Comentários

  1. que mulher eim?
    confesso que não li Garota Exemplar porque não dava um real para ele. achei que seria uma história bem sem pé e sem cabeça. acontece que, quando fui ao cinema assistir ele (achando que o valor do ingresso ia ser dinheiro jogado fora), sai chorando, desesperada e querendo me matar por não ter lido o livro primeiro!
    mulher genial mesmo, e totalmente fora da casinha! kkkkkkk
    ainda não li este, mas estou com as expectativas lá no céu! espero conseguir ler logo ;~~

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  2. Terminei este livro ontem e também acredito que Flynn necessite de um acompanhamento psicológico hahaha
    Assim como Garota Exemplar, fiquei maravilhada com Objetos Cortantes ( na verdade, li Na Própria Carne). A diferença é que quase larguei o primeiro no início, por achá-lo muito lento. Ainda bem que não o fiz.
    Também descobri logo quem era o culpado, mas creio que Flynn não quisesse "esconder" isso do leitor. Acredito que foi proposital, eu virava as páginas louca pra descobrir o MOTIVO dos assassinatos e acho que era isso mesmo que ela queria provocar. Algo surreal, completamente doentio. Até porque, já vimos em Garota Exemplar que, se tem uma coisa que a autora sabe fazer, é surpreender.

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