Descobri que sou chata. E me encontrei na chatice.

Dizem que escrever é terapêutico. Estou realmente contando que seja. Porque dói – para cacilda – ser chamada de chata. E eu não sei se esse é o lugar ou o momento, mas é o único que tenho. Vou implodir se ficar apenas remoendo essa palavra, repetidamente. Chata. Chata. Você é chata, Joana.

Sabe quando você está na pré-escola e briga com um coleguinha sobre a cor que vai pintar os raios do sol no desenho? Você quer laranja, ele quer amarelo. Vocês discutem – com toda a argumentação lógica de quando se tem cinco anos -, e alguém arremata com “você é chato, não quer mais ser seu amigo”. E pronto: WIIIINS. Isso é na pré-escola. Somos mais maduros agora, não? Não devemos ficar ofendidos por palavras bobas.

Mas a gente fica.

Óbvio que a gente fica.

É pior ser chamado de chato do que, sei lá, de cabrião. Se você não sabe, essa palavra existe e significa a mesma coisa. Entretanto, provavelmente ignoraria quem viesse com “você é cabrião, Fulano”. Cabrião não machuca, chata machuca. E eu não tenho mais cinco anos.

Mas, por incrível que pareça, a definição de chato varia de pessoa para pessoa. Talvez fosse a mesma coisa para todo mundo aos cinco anos, naquele mesmo exemplo que falei acima, porém depois de crescidos – e ditos maduros – a palavra ganha outros significados. Eu considerava chata a pessoa tediosa, que não gosta de nada, que não varia o assunto, que não se empolga para falar sobre absolutamente nada. Veja bem, não é questão de gostar de falar ou de ser tímido. Você percebe quando alguém gosta de algo, por menos palavras que sejam ditas. A ironia é que fui chamada de chata logo por ser tudo que eu não esperava.

Eu sou uma pessoa empolgada. Na internet, no twitter, no chat do facebook e na vida real. Eu sou a pessoa que vai levantar os braços para falar de uma série nova, que vai dar um grito ao recomendar um livro. Meu caps lock, quando ligado por mais de uma única letra, é uma expressão do que eu realmente estou sentimento a respeito disso. Contudo, fiquei sabendo que ser empolgada é errado. É chato, na verdade.

Porque você, simplesmente, não pode revirar um assunto e falar repetitivamente sobre ele, por mais divertido que seja. Você não pode ficar de vibe com uma coisa incrível. Não é bem aceito modos excessivos e espalhafatosos para descrever algo (que é muito, muito excelente). Não fale muito alto. Não use muito caps lock. Não se empolgue. Não vibre. Não se deixe dominar por sentimentos. Não seja intensa. Se não, você é chato.

Chato.

Chata.

Tenho pensado tanto nessa palavra ultimamente que acredito que ela possa ter se tornado uma parte de mim. Pronto, eu sou chata. Eu estou chata. Me avisaram só agora ou eu sempre fui?

É errado querer que as pessoas sintam as mesmas coisas que você? Não quero que você engula o que eu gosto por goela abaixo, não é isso. Não é nada, nada disso. Minha questão é: se eu gosto de algo, e me divirto tanto gostando de algo, é errado querer que outras pessoas também se divirtam? Também deem risadas junto comigo ou precisem de tijolos e cimento para as estruturas com nosso cupom de desconto do Grupon? É tão chato assim?

Depois disso, de pensar e refletir tanto sobre a existência chata do meu ser, decidi que vou continuar assim. Chata. Cabrião. Vou continuar tuitando em caps lock toda vez que tiver um episódio novo de BAMF Girls Club. Vou usar muitos gifs para descrever cada reação ao ler um livro da Cassandra Clare. Vou dar muitos retweets sobre a copa e colocar muitos corações para o MOZÃO David Luiz. Vou fazer muitas piadas infelizes sobre fofocas de celebridade. Vou cair no chão – e ser bastante específica quanto a isso – quando sair um trailer de uma adaptação que espero. Um clipe de um single que adoro. Um cover do Boyce Avenue feat alguém que saiu do The X Factor.

Você ser chata.


Mas vou me divertir fazendo isso.

Comentários

  1. Joana, somos chatas então! Parabéns pelo seu lindo texto..me fez refletir em cada palavra!
    Continue...
    Beijos! De sua mais nova seguidora, Carol Chata.

    www.poderosomake.com.br

    ResponderExcluir
  2. Tu escreve muito bem, guria! E sim, adorei mesmo!
    Parabéns, beijão :*

    ResponderExcluir
  3. ah, também vou continuar sendo chata. sorry!
    nunca tinha lido outro post seu assim, mas gostei eim :D

    ResponderExcluir

Postar um comentário

E chegamos a parte maravilhosa em que vocês participam do blog comigo! Deixe sua opinião sobre o que leu/viu, só com alguns poréns:
- Comentários ofensivos à autora do blog ou outros comentaristas não serão aprovados.
- Comentários preconceituosos ou/e de caráter sexual não serão aprovados.
- Comentários anônimos não serão aprovados, a ferramenta só está ativada pela liberação de comentários com NOME+URL de pessoas não cadastradas no Google, etc.
- Comentários unicamente de divulgação não serão aprovados.
- As respostas serão feitas na página de comentários, em caso de mais urgência, utilize a ferramenta "Contato" na lateral.
Tirando essas pequenas regrinhas, fiquei a vontade! O espaço é de vocês :D Aliás, obrigada pelo comentário!

Postagens mais visitadas deste blog

Sorteio: Trilogia Feita de fumaça e osso

Sorteio: Mar de tranquilidade

Melhor da Miley!