O espelho do tempo — Catherine Fisher

O espelho do tempo —  Chronoptika #1
Autora: Catherine Fisher
Editora: Intrínseca
ISBN: 9788580575613
Páginas: 304
Nota: 
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As promessas de O espelho do tempo não eram poucas nem pequenas. O livro de Catherine Fisher, a mesma autora de Incarceron (que eu não conheço mas considero pakas), se dispunha a ser uma peça única em meio a tantos livros genéricos, num encontro de distopia, fantasia e realidade. Mais do que isso: um livro com viagem no tempo. Soma tudo ou coloca no liquidificador, você escolhe. O resultado, a principio, é esse livro.

Eu gosto de viagem no tempo. Gosto mesmo. Gosto da ideia, das possibilidades, do quanto o tema é original e, supostamente, os autores podem brincar com isso. Não brincam como deveriam, mas podem. Em O espelho do tempo, temos um mistério que cerca Wintercombe Abbey, uma propriedade que reúne várias pessoas excêntricas que, cada um pelas próprias razões, estão atrás do Cronóptico, um espelho de obsidiana capaz de mexer com o tempo. 

A minha maior frustração com o tema é que a explicação nunca vem fácil. A autora precisa rebolar para me convencer que viajar no tempo não vai fazer alterações absurdas na atualidade, e por quê diabos um espelho de obsadiana seria capaz de fazer o que milhares de cientistas passam a vida tentando e não conseguem. Acho muito difícil compreender que você voltar alguns séculos e passar dois dias lá, com os amigos que não conhecem celular ou microondas, e então regressar pro século XXI, não vai causar consequências gigantes na realidade. Vá que o cara tivesse deixado cair uma moeda atual e isso revolucionasse uma guerra tremenda? Impactos, dona Fisher, impactos.

Mas sabe que a jogada da autora foi não se ater nessas ~pequenas~ coisas. Embora o livro tenha viagem no tempo como chute inicial, a trama vai focar muito mais nas pessoas de Wintercombe Abbey, que estão interessadas no espelho. Suas razões, motivações, egoísmos, essas coisas. E já digo para você: são muitos personagens. Tipo muitos mesmos, o suficiente para dar um nó na sua cabeça até que todos os nomes estejam devidamente anotados numa listinha, com descrições físicas e aspirações de vida. Isso é algo muito claro no livro, inclusive. Todos os personagens estão movendo sua vida de acordo com suas necessidades e expectativas no espelho, e meio que são definidos por isso. Venn, o dono da propriedade (e do espelho), é caracterizado muito mais por ser o proprietário de Wintercombe que quer trazer à vida a falecida esposa, do que como o velho rabugento que é por essas razões.

A história inteira tem um clima bem sombrio e misterioso. E por sombrio e misterioso, digo sombrio mesmo. Na minha cabeça, Wintercombe Abbey é um lugar escuro, mal iluminado e com muitas tochas e velas, como se estivesse numa era anterior a luz elétrica. A unica informação que contradiz com a minha imaginação é a troca de emails, porém, ainda assim, imagino escuro, antigo e Londres Vitoriana. É uma atmosfera propícia para a trama, combina com o livro e seus mistérios. É especial e, por essa razão, se mostra como um diferencial? Não.

Estou com sentimentos contraditórios a respeito de O espelho tempo. Veja bem, eu gostei da leitura em si. Por mais que o enredo não estivesse me atraindo completamente e estivesse achando as coisas um tanto confusas, a narrativa da autora se mostrava instigante o suficiente para considerar um bom livro. Tem muita fluência e vários diálogos, que deixam a escrita de Fisher bastante atrativa. Contudo, por mais que eu tenha achado um livro ok, não foi o suficiente para me prender com as continuações da série. Conheci, não foi a melhor experiência com brincadeiras temporais, próximo.
Beijinhos ♥ 

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